16/02/2009

Um estado de conciência.

Nestes últimos dias tenho servido de suporte a pessoas que me estão muito próximas e que a vida os está a colocar em situações difíceis. Tenho arranjado forças onde julgo não existir para lhes tentar transmitir um pouco de segurança, fico dura, envelheço momentaneamente, para tentar mostrar um pouco de mais maturidade (aquela que ainda não tenho, ainda não adquiri), não tenho a certeza de estar a conseguir cumprir o meu papel junto dessas pessoas.

Chego até a pensar que em toda a minha vida, não consegui e nem vou conseguir desempenhar de uma forma correcta os papéis que a vida tem para mim, o de filha, o de mãe, o de amiga… e todos os outros que não vou mencionar.

Sinto-me esmorecer por entre um inúmero de situações, quando deveria estar bem firme para conseguir suportar o que ainda vai vir por aí… sinto que de momento estou a catapultar todas as minhas energias para erguer ou ajudar a erguer os outros, ao mesmo tempo que vou indo abaixo a sumir-me por entre areias movediças, a anular-me.
São momentos de solidão, de profunda solidão que tomo consciência de tudo isto, que tenho feito de pilar, e que estou a ruir. Falta-me saber até quando! Afinal também preciso de ter onde me segurar.

As dúvidas assumem proporções anómalas, até aquelas que julgamos não mais existir.

Este mistério – posso chamar-lhe o mistério da vida? – é um mistério maior até que o mistério da morte. O facto de sermos, de termos sido «chamados» para existir, tem uma força que ultrapassa e vence as precariedades. Até poderia dizer que se somos, se estamos vivos, de certa forma a morte não pode realmente existir.


Susanna Tamaro em o Regresso a casa

Sem comentários: