23/01/2009

Desabafo

Apetece desaparecer, esquecer por um momento quem sou, fazer um retiro da vida e refugiar-me nos meus pensamentos, sem que nada me incomode. Sinto-me tão mal por não conseguir fazê-lo, por não poder fazê-lo! Não posso simplesmente carregar no botão "desligar" e sair da realidade. Se as coisas fossem assim... tão simples. Sinto-me uma fonte de água seca, seca de tudo. A água começou a escassear, depois as pessoas que se abasteciam nela e depois a própria água parou, ficando só a fonte de pedra, dura, cinzenta, fria e abandonada, que com o passar do tempo se desgasta pela erosão. E eu não quero ficar assim. Quero que a fonte volte a dar água, quero que as pessoas se abasteçam de mim, porque tal como a água sou essencial nas suas vidas. Quero que bebam de mim, não sofregamente, mas que apreciem que degustem o meu paladar. Esta deve ser a metáfora mais comprida de que eu alguma vez me lembrei e escrevi, mas acho que é a que melhor me descreve.

Porque é que as coisas não são mais fáceis de gerir, porque razão complicamos a vida de tal maneira que não conseguimos ter clareza para ver uma luz ao fundo do túnel? E será que a luz existe? Ou passamos a vida a vaguear num beco escuro e sem saída?

Palavras

Palavras doces
Proferidas por uma
Boca lânguida
E sedenta de amor.

Palavras quentes
Que aquecem
Os corpos frios
De solidão.

Palavras que encaixam,
Num mundo imperfeito
Vão dando cor
E alivio á alma.

Num mundo imperfeito
Onde impera a dor
E o descontentamento.

Até ao dia,
Em que as palavras
Deixam de ser palavras
Para serem gestos.

05/01/2009

O2

Encontra-me
No fim da estrada.
Apanha-me!
Traz-me de volta
Para a realidade.
Tira-me
As crostas
Que carrego em mim,
E não me deixam esquecer
As magoas…
Cura-me!
Da eminente insanidade.
Leva-me
Ao colo e
Deixa-me
Ficar junto a ti…
Ama-me
Mas deixa-me respirar…